segunda-feira, 28 de junho de 2010

Passeio ao Zoológico de São Paulo: Muitos animais, mas pouca natureza viva!

Este final de semana fui com parte de minha família ao Zoológico. Imagine: a primeira vez que minha sobrinha, de quatro anos, visita o lugar. Além disto, fazia muito tempo que meu sobrinho, seus pais, meu amor e eu visitávamos o espaço.

É claro que foi maravilhoso ver a empolgação dela com alguns bichos, como a girafa e o tigre branco e o elefante. Aliás, todos nos empolgamos com eles. Mas tenho que confessar: o passeio me deixou mais deprimida do que feliz.

Não consegui ver com a mesma alegria de antes aqueles animais, tão perto de mim, e tão próximos de uma vida natural. Alguns, como o leopardo-das-neves, tão longe de seu habitat natural. É claro que só podem passar grande parte do dia deitados. O que fazer num espaço de alguns metros, sozinho?

Por favor, não me entendam mal. A Fundação Zoológico faz o possível, e seus profissionais tratam aqueles animais como filhos. O problema é que os zoológicos mostram a relação que temos com o meio ambiente e os outros seres vivos: de consumo.

Passamos pelas jaulas e espaços como se estivéssemos num mercado, escolhendo produtos nas prateleiras. Aquele é bonito, aquele outro é feio. O leão só dorme, o orangotango está triste. A arara grita demais. Não dá pra ver o urso, escondido na caverna. O chimpanzé está velho.

Não vou cuspir no prato que já comi tantas vezes. Na busca por querer ver estes animais, alguns que nem fazem parte da nossa fauna, já fui várias vezes ao zoológico. E de alguma maneira, mesmo com todas as limitações, consigo contemplar a natureza e a criatividade de Deus. Também não estou defendendo seu fechamento, já que muitos animais nem teriam para onde ir. Alguns foram resgatados e salvos de desumanos e encontram ali refúgio depois que não conseguem se readaptar ao ambiente. Este espaço em São Paulo, selva de pedra, portanto, é fundamental.

Mas enquanto caminhava pelo zoológico, percebi que a própria estrutura nos deixa distantes do objetivo: melhorar a relação com a natureza. Os lugares possuem muitas grades, jaulas e os animais, muitos inofensivos, ficam muito distantes das pessoas. A parte com as aves então, nem se fala. As gaiolas são pequenas e não permitem que elas voem. Eu preferiria ficar minutos e minutos procurando por eles, em um espaço maior onde eles pudessem voar, do que vê-los pulando de galho em galho. Um bom exemplo é o viveiro de pássaros do Hot Park, em Rio Quente (GO). Lá, as pessoas entram nestes viveiros e podem ver as aves sem grades, sem gaiolas.

Eu sei que o Zoológico de São Paulo recebe milhares de pessoas por dia. Sei que mudar a estrutura diminuiria a possibilidade de um número tão grande visitar o local, sem falar no preço, que aumentaria se a estrutura tivesse de ser remodelada. Sei também que muitos não terão a oportunidade de participar de um safári na África, nem de se aventurar na maravilhosa Amazônia, cabendo ao zoológico sanar um pouco desta necessidade. Mas até que ponto vale a pena mostrar a natureza sempre do lado de lá? Do lado de fora da gente? Por trás das grades, jaulas e gaiolas?

Falar de meio ambiente ainda é coisa para “ecochato”, como dizem alguns. E enquanto esta realidade não fizer parte de nossas vidas, trataremos os animais como mercadorias e a natureza como fonte de recursos naturais somente. E aí, os zoológicos continuarão a ser simplesmente zoológicos.

Não sou especialista, mas acho que o Zoológico de São Paulo poderia ser mais ecológico e ter menos concreto, resumidamente. O próximo passo será visitar o Zôo Safári. Quem sabe encontro lá um pouco mais da natureza tão limitada no Zoológico.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sites bacanas!!!

Segue aqui uma lista de sites e links muito interessantes.

Portal Aprendiz -

Projeto Apoema

Envolverde

Lugares para conhecer!!!



Como professora e jornalista, sei que ter uma ampla bagagem cultural é imprescindível. Alías, todos devemos ter, independente da profissão. Todo mundo tem uma lista desta, como neste livro da imagem, portanto, segue uma lista de lugares muito bacanas (e baratos) para visitar.

Museu do Transporte Público - Aberto de terça a domingo, das 9h às 17h. O museu fica na avenida Cruzeiro do Sul, 780, próximo à estação Armênia do metrô. Visitas de escolas ou grupos podem ser agendadas pelo telefone 3315-8884. A entrada é gratuita.

Casa do Sítio da Ressaca - A Casa do Sítio da Ressaca, como hoje é conhecida, foi sede de um sítio localizado nas proximidades do antigo caminho de Santo Amaro, que era banhado pelo córrego do Barreiro, também chamado Fagundes e Ressaca. Atualmente abriga exposições que contemplam os fazeres e as manifestações da cultura popular.

Casa do Sítio da Ressaca
Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 - Jabaquara, São Paulo, SP
Fone 11 5011 7233
Aberto de terça a domingo, das 9 às 17h
Visita Orientada. Entrada franca.

Museu Catavento - O Catavento é um grande e magnífico espaço cultural e educacional que apresenta ao público, especialmente o jovem, a ciência e os problemas sociais, de um modo atraente e participativo. Situado no Palácio das Indústrias, Parque D. Pedro II, no centro da cidade de São Paulo, e desenvolvido com o apoio integral do Governo de São Paulo. Em meados de 2007, foi criada a sociedade civil: Catavento Cultural e Educacional, que recebeu recursos e o excelente Palácio das Indústrias, para mostrar o mundo das ciências e as necessidades sociais de modo interessante.

O Catavento está situado no Palácio das Indústrias, antiga sede da Prefeitura, no Parque D. Pedro II, no centro da cidade de São Paulo,
entre a Av. do Estado e a Av. Mercúrio, em frente à Casa das Retortas e próximo ao Mercado Municipal

Pais tentam valer direitos em SP por meio de ações civis públicas

Por Desirèe Luíse, do Portal Aprendiz

Por meio de ações civis públicas, pais de crianças entre zero e cinco anos obtiveram resultados positivos na busca por seus direitos no estado de São Paulo. Após constatar o aumento do número de pedidos para impedir o fechamento das creches em período de férias em Taubaté, no interior paulista, assim como a grande demanda da população pelo aumento de vagas nas creches da zona leste da capital, unidades da Defensoria Pública ajuizaram ações coletivas em favor dos pais.

A Regional de Taubaté da Defensoria Pública conseguiu, em segunda instância, decisão que obriga a Prefeitura da cidade a abrir creches, berçários e unidades de ensino infantil durante o ano inteiro, sem interrupções no período de férias. Caso descumpra a decisão, a Prefeitura deverá pagar multa no valor de R$ 10 mil por dia.

“Estamos falando de serviço público destinado às camadas mais empobrecidas e vulneráveis da sociedade, que dependem desse serviço. Além de possibilitar o acesso ao ensino, as creches são veículos fundamentais para que os pais deixem os filhos em um local seguro e possam trabalhar tranquilos”, ressalta o defensor público Wagner Giron de la Torre, autor da ação.

Em acordo, os desembargadores da Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado (TJSP) determinaram que, além de manter abertas as instituições de ensino infantil, a Prefeitura de Taubaté deve dar ampla publicidade, em meios de divulgação social, à informação de que os serviços não serão mais interrompidos.

O município ainda pode recorrer da decisão. No entanto, segundo Giron, recursos não têm mais efeito de suspender o acordo do TJSP e a medida já deve valer para as próximas férias de julho.

Na cidade de São Paulo, a Unidade de São Miguel Paulista da Defensoria, na zona leste, obteve, em primeira instância, sentença favorável para garantir vagas em creches e pré-escolas para as crianças que residem nos bairros de São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista. A decisão responde aos pedidos propostos em maio de 2009.

De acordo com os Indicadores de Referência do Bem Estar no Município (Irbem), do Movimento Nossa São Paulo, a quantidade de vagas em creches em locais próximos à moradia foi avaliada pela população da zona leste com nota 5,2, em uma escala entre zero e dez.

O defensor Leonardo Scofano Damasceno, quem assina a ação, afirma que os pedidos de vagas em creche e serviços ligados à habitação são os direitos mais solicitados. “Tantos pais pediam a mesma coisa que resolvemos fazer uma ação coletiva. A população pobre sente na pele a falta de serviço público, porque eles não têm onde resolver os problemas”, avalia.

Apesar de a sentença em primeiro grau ter sido favorável aos pedidos feitos pela Defensoria, o município de São Paulo ainda pode recorrer.

Apropriação de instrumentos legais

As ações civis públicas com relação à educação básica foram ajuizadas por constatação de demandas da população. Mas, “a ligação da maioria pobre com o judiciário ainda é nova”, diz Giron. “O instrumento é essencial para consolidar a democracia no Brasil. A Defensoria é porta-voz para levar os anseios da grande maioria marginalizada do país”.

O instrumento público também é um serviço recente. Existem Defensorias Públicas em 22 comarcas de São Paulo – o que corresponde entre 2% e 3% do total de comarcas do estado. “Quanto melhor difundida a Defensoria for, mais ela será usada”, conclui Damasceno.

Apenas 1% das creches são boas

Por Sarah Fernandes, do Portal Aprendiz



Apenas 1,1% das creches e 3,6% das pré-escolas são consideradas boas. O diagnóstico é de um estudo do Ministério da Educação (MEC), da Fundação Carlos Chagas (FCC) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado na última segunda-feira (14/6). Ele foi baseado em questionários respondidos por professores, diretores e coordenadores pedagógicos de 147 creches e pré-escolas de Belém (PA), Campo Grande (MT), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Teresina (PI).

Ao todo, 49,5% das creches analisadas foram consideradas inadequadas, segundo a pesquisa. Entre as pré-escolas o índice é de 30,4%.

A aplicação de atividades educativas recebeu nota 2,3 nas pré-escolas e 2,2 nas creches, em uma escala de zero a dez. “Mesmo as professoras que são formadas aprendem muito pouco sobre o trabalho especifico com crianças pequenas”, avaliou a coordenadora do estudo Maria Malta. “Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas mostrou que menos de 5% do conteúdo da graduação se volta para a educação infantil”.

Nas creches, o uso de livros recebeu nota 1,5. Incentivo a brincadeiras de faz de conta teve média 2,9, atividades com música, 1,7, uso de blocos educativos, 1,8, atividades de aceitação da diversidade, 1,5 e ensino sobre natureza e ciência, 1,2. Nas pré-escolas o uso de livros teve nota 2,6 e o uso de equipamento e jogos para atividades motoras ficou com 1,1.

“Avaliamos a presença de materiais em sala de aula e se o acesso era fácil para as crianças. A pontuação 1 indica que não foi encontrado nada a respeito”, contou uma das pesquisadoras do estudo, Eliana Bhering, que apresentou os resultados.

O quesito “estrutura do programa”, que observou as atividades diárias das crianças, incluindo rotinas de cuidado pessoal, teve nota 3,2 nas creches e 2,5 nas pré-escolas. “As secretarias de educação devem mandar materiais e pagar tempo de planejamento de atividades para professores. O problema é que as equipes são muito pequenas para o tamanho da rede que devem atender”, comentou a coordenadora do estudo, Maria Malta.

O espaço mobiliário recebeu nota 3,6 nas creches e 3,2 nas pré-escolas. Infraestrutura para o sono teve notas 1,8 e 2,6, respectivamente.

A pesquisa foi realizada em escolas municipais, conveniadas e particulares das seis capitais brasileiras, no segundo semestre de 2010. Ela não considerou áreas rurais e regiões pobres do interior dos estados.

“Ainda assim, todas as pessoas entrevistadas disseram que nos últimos anos a situação melhorou muito. Estamos melhor hoje do que estávamos ontem”, comentou Maria Mota.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mais sobre a reportagem da Veja que tenta desconstruir o Construtivismo...



Achei este artigo muito interessante, e como quero reafirmar sobre a postura absurda e antijornalística da Veja, já que esta não foi isenta sobre o assunto, coloco aqui mais um texto sobre ele. Quem escreveu foi Adriana Araújo Machado Mendes da Silva, pedagoga e psicopedagoga clínica e institucional, para o Portal Aprendiz. Espero que ela não ache ruim ter colocado aqui...

Construvismo: ausência de parâmetros!?

Ao ler a VEJA nº 2164, de 12/05/2010, setor Educação, deparei-me com o artigo “Salto no Escuro”, afirmando que “Seis de cada dez crianças brasileiras estudam segundo os dogmas do construtivismo, um sistema adotado por países com os piores indicadores de ensino do mundo”. Antes de terminar a leitura, minha cabeça já era um turbilhão de ideias, afinal de contas eu, com os meus vinte e poucos anos de idade, Pedagoga e Psicopedagoga, passei, como aluna, por escolas que seguiam uma linha tradicional, com conteúdos que eram depositados e vomitados sobre mim e eu, simplesmente, era obrigada a assimilá-los. Nelas fui rotulada, desprivilegiada, menosprezada, desrespeitada, deformada... Enfim, era considerada, sempre, a última da classe.

Acostumaram os estudantes a estudar para fazer uma prova. Para passar de ano. Mas dessa forma, eu não conseguia. Recuperação na certa, ano após ano. Nessas escolas, o errar era considerado castigo grave. Passei por terapeutas, psicólogos, psicopedagogos até encontrar uma escola que privilegiasse o pensar. O Aprender a Aprender. Uma escola que seguia princípios construtivistas, segundo os quais o conhecimento não é dado como algo terminado. Ele se constituía pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o mundo das relações sociais; e por força da ação do indivíduo e não por qualquer dotação prévia. Aulas que transcendiam as paredes da sala de aula; trabalhos com grupos operativos, viagens pedagógicas, conhecimentos construídos.

Continuei a leitura do artigo da Veja até me deparar com outra afirmação: "O construtivismo pode se tornar sinônimo de ausência de parâmetros para a educação, deixando o professor sem norte e o aluno à mercê de suas próprias conjecturas”. Travei, minhas mãos gelaram, engoli seco. Retomei a afirmação. Reli. O construtivismo pode, mas não é sinônimo de ausência de parâmetros, visto que as práticas pedagógicas construtivistas, conforme ressaltam Isabel Solé e César Coll em “O construtivismo na sala de aula”, são norteadas por um conjunto articulado de princípios e diretrizes fundamentadas nas teorias psicológicas do desenvolvimento e da aprendizagem que defendem que o aluno exerce o papel principal no processo de ensino-aprendizagem e é o construtor ativo do seu próprio conhecimento. Isso implica que o professor não seja mais reconhecido como transmissor de conhecimentos, mas como aquele que estimula a autonomia do aluno e cria as oportunidades de descoberta. Esta teoria não diz, em nenhum momento, que os alunos fiquem soltos, sem parâmetros.

Automaticamente volto ao tempo e me recordo da época em que estudei e conclui meu ensino médio nessa escola que segue princípios construtivistas, na qual a minha professora de Língua Portuguesa,em suas aulas, ia além da gramática, da ortografia; trazia para nossa sala de aula textos, histórias de Rubem Alves e eu viajava nas entrelinhas das suas palavras e imaginava: “Quando crescer vou ser igual a ela!, não vou dar o peixe pronto aos meus alunos, vou ensiná-los a pescar”. Se as cadeiras estivessem em filas, fazia uma grande roda e abria uma discussão levando em consideração o ponto de vista de todos. Tive, ainda, um professor de História que, se possível fosse, vestia-se de Lampião para nos aproximar do conteúdo que estava sendo trabalhado. E ainda um professor de Educação Artística (Artes) que pedia que colocássemos nossas cadeiras do lado de fora da sala para vermos as coisas sobre outras perspectivas. Eles não cumpriram apenas seus simples papéis de professar uma arte ou uma ciência para que seus alunos passassem no vestibular ou numa outra prova qualquer. Mais do que isso fizeram, educaram e me ensinaram para a vida. E se hoje sou uma educadora que faz a diferença nas salas de aula por onde passo, é porque existem escolas, como a em que estudei e a em que trabalho, que acreditam nos princípios construtivistas. Escolas que, mais do que educar, desenvolvem a capacidade de pensar, resolver problemas, argumentar. Imaginem estudar física num parque de diversões, aprender matemática com poesias, estudar artes educando o olhar e a escuta sensível!... Pois é. Na minha escola jogava-se pião (quantas voltas ele faz por segundo e com que velocidade? Que forças o mantêm em equilíbrio?), xadrez, e até tínhamos um gudódromo (campo para jogar gudes); Lá aprendíamos lições fundamentadas em concepções construtivistas. (...) Nesse espaço de gente, o Ensinar e o Aprender, são atividades complexas e delicadas que acontecem, fazendo acontecer a Vida. Espaço onde se compreende que Ensinar exige domínio seguro de conteúdos, conhecimento do sujeito aprendiz, competência técnica, postura política, atitudes de escuta, acolhimento: onde o Aprender significa conviver com a dúvida e com a busca, lidar com o inesperado; onde Ensinar e Aprender implicam engajamento num processo dinâmico, criativo, transformador(...) - fragmento extraído do PPP do Colégio Gênesis.

Talvez a falta de parâmetros à qual alguns se referem seja o leque de possibilidades das diversas formas de aprender. Aí, sim, não há parâmetros. Cada um de nós pode transcender qualquer determinismo. De qualquer modo, numa escola que adota essa linha de trabalho humanista aprende-se, também, a não se surpreender com nenhuma atitude humana, pois o erro ganha uma dimensão educativa e não punitiva. Atitudes distorcidas são sempre pontos para reflexão, análise, crítica e tomada de posição. É verdade que não devemos exigir essa articulação mental de uma geração que só aprendeu a memorizar, só entende o que está parametrizado. Ela é o resultado de um ensino cujo foco não era o aluno. O construtivismo, ao contrário, propõe-se a olhar o estudante, porque mais importante do que o que se ensina é o como se aprende, quando se estabelece que o foco é a aprendizagem. É possível, sim, que existam escolas que não fazem um bom trabalho, assim como devem ter existido tantas outras que também não fizeram um bom trabalho outrora. Educar é uma tarefa árdua, metódica, sistemática, mas também amorosa, significativa, cheia de sentido.

De qualquer modo, quero, ao jeito de Eurico Alves Boaventura – poeta baiano - convidar o articulista da Veja e outros que não acreditam nesta teoria: - Venham, meus caros, conhecer o Colégio onde estudei e me descobri capaz, criativa, inteligente, competente. Venham, meus amigos, se deliciar, na Escola onde trabalho, com as travessuras de nossas crianças, que aprendem lições de respeito às diferenças, às diversidades, aprendem a se expressar, a articular o uso da língua, a criar estratégias para superar situações, a refletir sobre acontecimentos como o tsunami, o terremoto no Chile, contextualizando-os com as teorias e conceitos das ciências. Venham, meus caros, pois sempre é tempo de aprender a aprender, de ser criativo, inventivo e feliz.

Ah! E aos pais, diretores, alunos, educadores que tiveram paciência para terminar de ler o artigo da Veja e que acreditam que podemos educar segundo os princípios de Piaget, Vygotsky, Emilia Ferreiro e tantos outros que disseminaram e disseminam ações pedagógicas fundamentadas numa prática diária de construção e interação do conhecimento, não se preocupem se alguns acreditam que estamos atolados num pântano. Nossas crianças estarão a postos para criar estratégias para nos tirar de lá!

domingo, 13 de junho de 2010

Tem gente que anda na contramão!!!

Gente...nem lembro como descobri este blog...mas ele é sensacional. No mais puro objetivo de um blog, um meio-diário, uma mãe de classe média decide colocar seus filhos numa escola pública daqui de São Paulo e passa a registrar todos os anseios, medos e dúvidas sobre esta decisão.

Esta ideia é tão genial e corajosa que muitos ainda não se deram conta de como ela é louca!!! Só poderia ser jornalista...por isto gostei dela!!!

Descobri que tenho algumas coisas em comum com ela: nós somos jornalistas e queremos acreditar na educação pública de qualidade!!!

Cara!!! Depois de rodar pelo glamour do jornalismo, decidi voltar à minha profissão antiga (de alguns anos, não são tão velha) para me convencer, e aos outros, de que escola pública e de qualidade é direito de todos. Meu...sei que o salário vai ser sempre a merreca que é, diante da importância da profissão, mas fazer o quê? Quero ser professora de escola pública, e pronto!!!

Tô doida pra conversar com ela melhor. Imagina a dupla: uma jornalista que teima em deixar seus filhos na escola pública mesmo podendo pagar uma bem cara e outra que quer dar aula nestas escolas???

Tô com esperança de que este mundo pode melhorar...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Estatuto da Criança e do Adolescente - Comentado - do Acesso à Justiça



Achamos meio complicado fazer este trabalho porque a linguagem jurídica é extremamente chata e, algumas vezes, até os comentários das leis são difíceis de entender. Acho que precisamos atualizar esta linguagem , pois se a Lei serve para o cidadão, o primeiro que deve entender é ele, né?

Fizemos este trabalho para a matéria de Políticas Públicas em Educação Infantil. Nosso tema foi "Do Acesso à Justiça". Nesta parte que é garantido a qualquer pessoa correr atrás dos interesses das crianças e adolescentes em diversos aspectos. Pena que ainda não colocamos tanto a mão na massa como deveríamos. Para conferi-lo, acesse:

http://docs.google.com/Doc?docid=0AVymaNHXqRbSZGd0ajZwNndfMTNncmN3YjhmNg&hl=en

Até mais!!!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Resenha: O que é Educação?


Capítulo 1: Educação? Educações: Aprender com o índio

“(...) aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações tem concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa.
...Muitos dos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros ou como conselheiros. (...)”

O autor do livro “O que é Educação”, Carlos Rodrigues Brandão, inicia o trabalho com uma carta escrita por índios para governantes norte-americanos que desejavam que os índios tivessem a mesma educação que os brancos. Sabiamente, os índios mostram que não existe um tipo ou modelo de educação. A carta da tribo mostra o que acontece também em nossa sociedade: às vezes temos um tipo de educação que não prepara para a vida. Inseridos em uma luta de classes, somos educados para mandar ou obedecer, sem levar em consideração que todos podem e devem contribuir paa o bem coletivo e não só de um grupo específico. Assim, preparamo-nos para o vestibular e a faculdade, que nos garantirá empregos melhores ou para o trabalho técnico que garantirá mão-de-obra barata à sociedade.
No mesmo capítulo, o autor ressalta que a educação não está presa à escola e começa antes dela: em casa, na igreja, na comunidade, com grupos de amigos, mas não retira sua importância, que é dar continuidade à educação que está em construção desde o nascimento.
O autor lembra que a educação é “uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre outras invenções de sua cultura, em sua sociedade”, mostrando que ela faz parte da construção coletiva da sociedade, que também se reinventa, de acordo com suas necessidades. Para Brandão, a educação mostra sua força quando se coloca como meio para preparar a sociedade com o que acham certo e benéfico a ela. Por outro lado, lembra que sua fraqueza está justamente na forma como ela pode ser usada para manipular, tornando-os, como no caso dos índios citados, “totalmente inúteis”.

Capítulo 2: Quando a Escola é a Aldeia

“A educação existe onde não há escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado.”

Brandão (1981) fala sobre a supervalorização do ensino em bancos escolares em detrimentos a outras situações de troca de saberes. Nas tribos indígenas e comunidades camponesas o saber construído difere do saber das grandes cidades, e nem por isto deve ser discriminado. Ele lembra que a “educação existe sob tantas formas e é praticada em situações tão diferentes, que algumas vezes parece ser invisível, a não ser nos lugares onde perdura alguma placa na porta com seu nome”. E assim como o espaço para aprendizagem não pode ser definido, a hora, o momento, o período de aprender também não. A hora de aprender não se limita a quatro, cinco ou oito horas, entre segunda-feira e sexta-feira, mas é uma ação contínua, a qualquer momento.
Outra questão que o autor levanta é que a educação acontece quando há troca entre as pessoas, no meio em que vivem, e que as crianças são agentes de sua própria aprendizagem. Elas buscam, pesquisam e constroem seus saberes, e não são meros receptores, como muitos ainda acreditam. Brandão ainda ressalta que a aprendizagem não acontece por imposição, e tem melhores resultados quando está atrelada ao cotidiano, seja em momentos de trabalho, lazer ou amor.

Capítulo 3: Então, Surge a Escola

Já neste capítulo, Brandão procura questionar a “evolução” da educação, que passa a ser usada para reforçar as diferenças sociais criadas pela própria sociedade. Esta educação, que vai além da adquirida na família, igreja e comunidade, mas que é moldada com teorias, conceitos e métodos, é utilizada para que a manutenção das hierarquias sociais. Neste momento, segundo o autor, “a educação vira ensino”.
Ele explana que esta concepção de educação forma e reforça as diferenças, valorizando um grupo em detrimento a outros: homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos, chefe e empregado, criança e adulto, professor e aluno. Ele explica que esta “divisão social do saber”, como coloca, não acontece somente em sociedades complexas, mas em tribos e comunidades muito simples, quando dividem o trabalho das mulheres e dos homens, por exemplo.
Brandão defende, no entanto, que a sociedade, mesmo que divida e hierarquize o saber, não abandona por inteiro as formas livres, familiares e comunitárias de educação. Segundo ele, “em todos os cantos do mundo, primeiro a educação existe como um inventário amplo de relações interpessoais diretas no âmbito familiar”. A isto ele chama de “rede de trocas de saber universal”, a forma mais “persistente na sociedade humana”. E assim, mesmo onde há o ensino formal, dividido e hierarquizado, o espaço educacional, ou seja, onde se aprende e ensina realmente para a vida, não é o escolar.
O autor chama a atenção para os educadores, que muitas vezes participam consciente ou inconscientemente desta divisão e hierarquização do saber, uma vez que se preocupam em passar alguns saberes e reservar para si outros, reforçando a ideia de que “saber é poder”. O problema é que isto pode ser um “tiro pela culatra”, pois à medida que não proporcionamos aos alunos a possibilidade de buscar a liberdade, reforçamos os interesses de classes que não querem esta libertação para que a desigualdade continue.



Capítulo 4: Pedagogos, mestres-escolas e sofistas

Brandão continua a explanar sobre a luta de classes e a relação com a educação, Quando a sociedade é dividida em classes, consequentemente a educação passa a ser dirigida, limitada e diferenciada entre os cidadãos. Para isto, explana sobre a educação grega, com seus mestres-escola e artesões-professores de um lado, e os escravos pedagogos e educadores nobres de outro. A educação que antes era livre e surgia dos exercícios coletivos da vida, é dividida à medida que a polis grega se divide entre nobres e plebeus, livres e escravos. Mesmo muitos séculos depois das “lojas de ensinar” atenienses, em que mestres-escolas, “reduzidos pela miséria a ensinar”, lecionavam as primeiras letras e contas aos meninos pobres, que paravam nela e não tinham oportunidades de ir além, a situação ainda é parecida. Pobres saem das escolas técnicas prontos para o mercado de trabalho, com um ofício que terão pelo resto de suas vidas, enquanto ricos têm a oportunidade de desenvolver suas habilidades e capacidades para lidar com as diversas situações da vida, além das qualidades para comandar grandes empresas e utilizar a mão-de-obra barata, criada na sociedade desigual e injusta em que vivemos.
O autor enfatiza o papel do pedagogo, ou escravo pedagogo – condutor de crianças-, que na Grécia, era o responsável pela educação inicial das crianças nobres, por conviver com elas, mais até do que os pais. O pedagogo “era o educador por cujas mãos a criança grega atravessava os anos a caminho da escola, por caminhos da vida”.
Brandão ainda fala sobre o papel do Poder Público, que interessado na manutenção da desigualdade por fazer parte da elite, utiliza seus aparelhos ideológicos, inclusive a escola, como defende Althusser (1998).
Por último, ele pondera que embora a educação grega não tenha levado em conta as características da criança, pois pensava no que ela se tornaria, no modelo que viria a ser, ressalta que os gregos nos ensinam que “a educação existe por toda a parte e é resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes”. É o exercício de conviver, como faziam os escravos-pedagogos com as crianças, que produz o saber.
Capítulo 5: A educação que Roma fez e o que ela ensina

Já neste capítulo, Brandão ressalta a diferença entre a educação grega e a romana, que acreditava que a educação da criança era uma tarefa doméstica. A criança aprendia em casa, com os mais velhos, principalmente os valores do mundo dos “mais velhos”, dos seus antepassados, independente da classe social: cabia aos pais educar as crianças, fossem ricas ou pobres. Mas da mesma forma, com o passar do tempo, a educação também é dividida entre ricos e pobres, senhores e servos. Em Roma é criado a schola publica, mantida pelos cofres dos municípios. Até hoje, a divisão por idade, bem como a educação antes dos sete feita pelos pais, é mantida em nossa sociedade.
Brandão ressalta que o educador, neste período, serviu como instrumento para a expansão do império, pois onde a espada não chegava para conquistar, a vida e a cultura dos romanos cumpria esta função. É o que vemos hoje na relação Brasil-Estados Unidos, por exemplo. Embora tenhamos uma relação amistosa, a cultura norte-americana está tão impregnada em nossa sociedade, pela linguagem e excessivo uso de palavras estrangeiras, pela roupa, estilo musical e tantos outros meios, que preferimos o hambúrguer e batata-frita ao arroz e feijão, ou o Black, em detrimento ao Baião.

Capítulo 6: Educação: Isto e aquilo, e o contrário de tudo

Brandão busca na definição da palavra “educação” as origens para mais questionamentos neste capítulo, além de pensar sobre o que tal palavra significa para legisladores, pedagogos, professores, estudantes e outros sujeitos. Ele reconhece que tanto os dicionários como as leis que envolvem a educação não condizem com a realidade brasileira. Ele levanta a hipótese de que a falta de definições claras, sejam nas leis ou dicionários, mostra que não é de interesse da elite e de quem tem o poder mostrar que a educação é de “todos, para todos”. Mas também lembra que mesmo entre educadores há diferenças sobre o que seja educação, pois afinal, esta definição parte do questionamento do que é ensinar também. Se para o professor, ensinar é transmitir conhecimento, a educação será algo, e para aquele que acredita que é construção, a ideia sobre educação será outra, e implicará outras atitudes.

Capítulo 7: Pessoas “versus” sociedade: um dilema que oculta outros

Neste capítulo, Brandão questiona não o que é educação, como nos outros, mas para quem ela existe. Ele levanta a dúvida se a educação serve para o indivíduo ou a sociedade e afirma que a educação é vista como um processo de interiorização, quando o saber é de fora para dentro ou de exteriorização, de dentro para fora. Ele leva a discussão para a parte mais prática da educação: a ação, o real. Mais que definir filosófica ou socialmente, Brandão lembra-nos que a educação é uma prática social, como a saúde, a comunicação, o serviço militar, por exemplo. Defini-la desta maneira não é inventar um novo conceito, nem relembrar filósofos do passado, mas reconhecer o que é natural. Assim como os índios e camponeses são educados para viver em sociedade e aprendem o que precisam saber para viver nela, nós também. Segundo ele, por meio dela, a sociedade reproduz seus sujeitos sociais. Ela, portanto, não tem um fim social, pois seu fim é manter a sociedade como ela está. Ele critica que nas sociedades “desenvolvidas”, a ideia de educação para um determinado fim, ou para um determinado grupo, desvinculada da ideia de sociedade, é uma maneira de “esquecer” ou “ocultar” o que ela realmente significa.

Capítulo 8: Sociedade contra Estado: classe e educação

Brandão explica que vários aspectos determinam o tipo de educação que determinada sociedade terá, entre eles, suas posições sociais, a maneira como a sociedade se organiza e o que pretende manter nela. Ele defende, baseados nas ideias de Durkheim, que assim como não existe um tipo de sociedade, a educação não será feita de uma só maneira, nem tampouco haverá uma perfeita. Ele lembra ainda que mesmo em uma sociedade, a educação muda, pois a sociedade está em constante mudança. A educação, neste ponto, deixa de ser vista como algo que mantém as estruturas, mas que também as modificam.
O autor afirma que educação e mudança sempre andam juntas, mas ter a ideia de que a educação é o único ou principal meio para transformações na sociedade, já que ela também é uma prática desta mesma sociedade, é estar diante de um “utopismo pedagógico”.
Mais uma vez, o autor lembra que a desigualdade faz com que ideias como “o direito de todos à educação”, fique no papel, e fala sobre a falsa ideia de democracia por meio da educação. Uma vez que a educação serve para manter a desigualdade, nem a educação de ricos, nem a de pobres, é democrática. O pobre é intimado a matricular seu filho na escola e aceitar a educação imposta pelos livros e sistemas de ensino. Os ricos, da mesma forma, são induzidos a crer que a educação excludente é a única forma de garantir a seus filhos, um futuro melhor, que o dos outros.

Capítulo 9: A esperança na educação

No último capítulo do livro, Brandão escreve que “se em um ela serve à reprodução da desigualdade e à difusão de ideias que legitimam a opressão, em outro pode servir á criação da igualdade entre os homens e à pregação da liberdade”, e conclui sua ideia sobre educação. Para isto, esta precisa ser “reinventada”, feita de maneira diferente e até mesmo oposta do que é hoje.
Ele lembra que esta reinvenção precisa da colaboração de todo, e não só do professor. A sociedade não pode tratar a educação como assistencialismo ou como transmissão de conhecimentos, mas como a prática social que pode ajudar a construir uma sociedade mais justa e melhor. Sem hipocrisias, precisa realmente dar prioridade a ela, não só em palavras em época de eleições, mas sempre, e acompanhar sua evolução, resultado do desenvolvimento da própria sociedade.
Por último, lembra que a educação é acima de tudo, um ato político, não somente pedagógico. Lembra que a educação também se faz na rua, nas manifestações, na luta por melhores condições de vida, e acima de tudo, na participação política de qualquer cidadão.

CONCLUSÃO

Passa longe de um texto vazio. Simplesmente esclarecedor. Profundamente provocante. Definitivamente essencial. O livro “O que é Educação”, de Carlos Rodrigues Brandão, nos mostra o quão distantes estamos do que realmente esta pequena palavra significa. Mais que definir com dicionários, busca na História, na Filosofia e na Política não só significar, mas “ressignificar” educação, de modo claro e inquietante.
Brandão instiga o leitor a pensar sobre seu papel na construção desta prática social tão difundida, mas pouco valorizada verdadeiramente.
Não só para professores, mas principalmente para estes, o livro mostra a importância de sempre pensar sobre rumos, concepções e ideologias que muitas vezes são levadas à diante e que só interessa aos poderosos e “donos do país”. Deixa claro que não podemos ser reprodutores de uma sociedade injusta e desigual, mas agentes de nossa própria história e construtores de novas realidades, para todos.
Brandão é corajoso e não se mostra pessimista, atitude mais fácil nos dias de hoje. Defende que com garra, conhecimento, criticidade e novas práticas, podemos mudar a realidade de nosso país.

Referência

BRANDÃO, C. R. O Que é Educação. 1.ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.