sábado, 28 de agosto de 2010

História da Educação no Brasil: República (Resumo)

O período de 1870 a 1920 ultrapassa a divisão histórica de Império e República. Isto porque desde 1970, a monarquia e a república já passam a conviver.
As transformações mais significativas deste período foram a transformação das relações de trabalho, o crescimento industrial, o aparecimento das camadas sociais médias, a presença de capital estrangeiro, a intensa circulação de novas tendências de pensamento e o fim da monarquia.
A remodelação das relações de trabalho foi a troca da mão-de-obra escrava pela mão-de-obra dos trabalhadores livres e assalariados, vindos de diversos países. Com o crescimento industrial, os imigrantes assalariados começam a criar seus próprios negócios, já que vinham de seus países com uma pequena reserva de dinheiro e com experiências industriais e artesanais.
Outro fator importante é a presença do capital estrangeiro. Muitas empresas chegam ao Brasil nesta época.
Também a intensa circulação de novas tendências de pensamento, entre elas, o Positivismo, que teve ampla aceitação na sociedade pela sua ética cívica de respeito à lei e ao princípio do bem comum e também por sua proposta de cultivar as ciências modernas como base para o progresso. Outra ideia é do industrialismo cosmopolita, do qual são exemplares as ações de Rui Barbosa, no Ministério da Fazenda e a de Benjamin Constant, no Ministério da Educação. Eles promoveram iniciativas econômicas e educacionais de interesse dos industriais, desviando a ênfase na agricultura.
Por último, o fim da monarquia, relacionada às disputas pelo poder político entre segmentos das classes dirigentes, militares, cafeicultores organizados nos Partidos Republicanos e uma pequena parcela de representantes das camadas sociais médias.
Depois de 15 de novembro, os cafeicultores conquistam o poder econômico e o comando político e social por meio da descentralização política na Constituição de 1891, que organiza o país em federação. Também elegem presidentes e colocam em prática “a política dos governantes”,que facilitavam para este grupo a formação da estrutura de dominação.
Diferentes de outros movimentos ao longo da história, o Manifesto Republicano de dezembro de 1870 busca conquistar o poder de forma pacífica, indireta, lenta e acumulativa, por meio de propagandas e da educação.
A educação pelo voto e pela escola foi instituída como a grande arma para transformação da sociedade. A prática do voto pelos alfabetizados, e portanto, a freqüência à escola, que formaria o homem progressista.
Assim, as décadas entre 1870 e 1920 foram tomadas por um “fervor ideológico” e “entusiasmo pela educação”. A proposta republicana defendia ensino elementar e profissional para as massas e educação científica para as elites “condutoras do processo” e reivindica ampla educação popular.
O texto também ressalta a aceitação de escolas particulares de responsabilidade de americanos protestantes, positivistas e de cientificistas, vistas como alternativas modernas, e recusam à escola pública monárquica, a iniciativa privada comercial e a confessional católica, considerada corrompidas e ultrapassadas.
A pedagogia moderna, defendida pelos republicanos, era caracterizada pelo olhar, o ser visto, a observação e o escrito, e pela organização escolar regida pelos princípios da racionalidade científica e da divisão das tarefas. Esta pedagogia recebeu a adesão de muitos liberais, entre eles, Rui Barbosa e Leôncio de Carvalho.
Outro Republicano que se destaca é Rangel Pestana, jornalista, político e educador. Pestana assinou no início da década de 70 o Manifesto Republicano, e foi responsável pela criação da Escola do Povo, que oferecia educação popular em cursos gratuitos, públicos e livres das regras do ensino oficial monárquico, para ambos os sexos. Esse modelo foi copiado na Sociedade Propagandista da Instituição Popular, recriada depois como Liceu de Artes e Ofícios, para preparar profissionais para agricultura, indústria e comércio. Rangel também dedicou atenção especial à educação feminina, e criou o Colégio Pestana, de meninas, em 1876 e participou da história do aparecimento e funcionamento das escolas americanas de confissão protestante.
Rangel Pestana também tornou essas instituições como modelos dos projetos de reforma da instrução pública que, na qualidade de deputado provincial republicano e porta-voz dos cafeicultores, apresentou à Assembleia Legislativa de São Paulo, na década de 1880. O primeiro projeto foi a proposta de aplicação dos recursos provinciais destinados aos eventos comemorativos dos 50 anos a Independência, à melhoria das escolas públicas elementares. O outro visava a reforma de todo o sistema de ensino provincial que estava muito distante das necessidades expressas pelo grupo de cafeicultores republicanos e liberais. Seus pontos fundamentais eram a criação do curso primário, com estudos seriados, regulares e simultâneos divididos em três níveis e uso de metodologia intuitiva, baseada na observação, criação de um imposto para financiar o ensino, criação de conselhos provinciais e profissionalização do professorado.
Muitas das ideias e práticas experimentadas por Rangel Pestana e seu grupo ao longo dos anos 70 e 80 serão retomadas por ocasião da Grande Reforma da instrução pública realizada em São Paulo pelos republicanos quando chegam ao poder, em 1889. Um republicano histórico desta ápoca é Cesário Motta Jr, que ao assumir em fevereiro de 1893 o órgão responsável pela instrução pública, ordena um diagnóstico da situação profissional dos mestres e cria a partir disto, os Grupos Escolares, caracterizados pelas aulas avulsas em um único edifício, sob uma única direção e com um corpo docente encarregado de classes de ensino simultâneo, progressivo e seriado dos conteúdos, reunindo crianças como mesmo nível de aprendizagem. Estes grupos ainda não são considerados escolas, cuja sua criação está ligada ao posterior desdobramento do horário de funcionamento dos Grupos, em meados da década de 1910, quando essas escolas se abrem para contingentes populacionais não urbanizados.
O texto conclui que ao longo dos anos 1890-1900, os republicanos cafeicultores recriam e reproduzem todo o sistema de ensino público paulista, realizando a escola ideal para todas as camadas sociais, da escola infantil ao ensino superior e definem a pedagogia que nelas será praticada (a moderna em confronto com a tradicional).

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

São Bernardo abre inscrições para concurso na área da Educação

A Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) abriu concursos para 1.016 vagas na área de educação em todos os níveis de escolaridade. Os salários vão de R$ 1.093,56 a R$ 3.241,52.

Os cargos são de auxiliar em educação I, diretor escolar, inspetor de alunos I, oficial de escola I, professor de educação básica I – fundamental (anos iniciais), professor de educação básica I – infantil, professor de educação básica II – ensino de jovens e adultos (artes, ciências, educação física, geografia, história, inglês, matemática e português).

As provas serão divididas em conhecimentos gerais e específicos e estão previstas para 24 de outubro, às 8h, em São Bernardo.
A inscrição deverá ser feita das 10h de 23 de agosto às 16h de 14 de setembro pelo site www.vunesp.com.br. As taxas vão de R$ 30 a R$ 60.

Para ver o edital, clique aqui.

História da Educação no Brasil: Colônia e Império (Resumo)

A educação escolar no Brasil no período colonial brasileiro, que durou de 1500 a 1822, passou por três fases: a de predomínio dos jesuítas, as das reformas pombalinas e a fase da reforma feita por D. João VI quando trouxe a corte para o Brasil, entre 1808 e 1822.
Na primeira fase, quem se destaca é o padre Manoel da Nóbrega, que inicia a instrução e a catequese dos indígenas. Nóbrega e os jesuítas desenvolveram as escolas de ordenação, e como subproduto delas, levaram instrução aos filhos dos colonos brancos e aos mestiços. Para isto, o padre montou um plano de ensino adaptado ao local e à sua missão, que continha o ensino de português, a doutrina cristã e a “escola de ler e escrever”. Após este período, os alunos tinham a opção de continuarem os estudos para o aprendizado da agricultura ou seguirem com aulas de gramática, finalizando seus estudos na Europa.
Como não tinham opções, mesmo os que não queriam ser padres estudavam no local. Com isto, os jesuítas obtiveram quase o monopólio do ensino, chegando a fundar vários colégios. Neste período, os jesuítas criaram um plano de estudos que visavam a formação integral do homem cristão e tinham um curso básico de Humanidades, com Filosofia e Teologia. O plano ficou conhecido como Ratio Studiorum. Quando os jesuítas foram expulsos, em 1759, tinham no Brasil mais de cem estabelecimentos de ensino.
Vale ressaltar, no entanto, que estes colégios se especializaram na educação dos jovens, cabendo às famílias o ensino das primeiras letras, com o auxílio de um preceptor ou de alguém mais instruído da família.
A segunda fase inicia-se em 1759 com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e do Brasil, feita por Marquês de Pombal. Ministro de Estado de Portugal, Pombal fez uma série de reformas para adaptar aquele país e suas colônias ao mundo moderno, dos pontos de vista político e cultural, implementando ideias próximas ao Iluminismo.
Mesmo com a mão-de-obra ainda ser em grande parte constituída de jesuítas, nasceu de certo o ensino público nesta época, ou seja, o ensino mantido pelo Estado e voltado à cidadania. Assim, o Estado passa a realizar concursos, verificar a literatura que deveria a ser usada. Neste período, o curso de Humanidades desaparece e dá lugar às aulas régias, aulas avulsas de latim, grego, filosofia e retórica.
Este período formou importantes intelectuais, que como antes, terminavam seus estudos na Europa. Mas ao voltarem para o Brasil traziam ideias iluministas e se destacavam. Alguns deles fundaram instituições e escolas, como José Joaquim de Azevedo Coutinho, que fundou o seminário de Olinda, em 1800.
Mas o ensino realmente começou a mudar o país em 1807, quando Portugal foi invadido por Napoleão, obrigando a Corte a se deslocar para o Brasil, reunindo nele inúmeros cursos profissionalizantes em nível médio e superior, bem como militares.
Nesta época, o ensino foi estruturado em três níveis: primário, secundário e superior. O primário era a “escola de ler e escrever”, que ganhou um incentivo da Corte e aumentou suas “cadeiras” consideravelmente. O secundário se manteve dentro do esquema das “aulas regias”, mas recebeu novas disciplinas.
Em 1821, a Corte voltou para Portugal e um ano depois, o Brasil foi declarado independente, ganhando sua primeira Constituição. A Carta Magna de 1824 inspirava a ideia de um sistema nacional de educação e discriminava que o país deveria possuir escolas primárias, ginásios e universidades, o que na prática, não ocorreu. Nesta época, houve a adoção do “método lancasteriano de ensino”, que defendia o ensino mediante ajuda-mútua entre alunos mais adiantados. A situação revelava insuficiência de professores, de escolas e de uma organização mínima para a educação.
A década de 1850 ficou marcada por uma série de realizações importantes para a educação institucional. Em 1854 criou-se a Inspetoria-Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte para orientar e supervisionar o ensino, tanto público como privado, além de estabelecer as regras para o exercício da liberdade de ensino e para a preparação dos professores primários, entre outras atribuições.
O período foi marcado, no entanto, pela carência de vínculo entre o mundo prático e o ensino, além da negligência no ensino das crianças. Além disto, quem procurava um bom ensino nas áreas jurídicas, médicas ou militares tinha que se deslocar para alguns estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
O destaque da época imperial foi a criação do Colégio Pedro II, em 1838, para servir de modelo de ensino. O colégio nunca se consolidou realmente como modelo secundário de ensino, mas sim como uma instituição que preparava para o ensino superior. O colégio passou por períodos em que as matérias científicas eram mais enfatizadas, e outro, em que as literárias ocupavam mais espaço. Isto devido à luta entre as ideias positivistas e humanista-jesuíticas.
Outro ponto marcante foi a Reforma Leôncio de Carvalho, de 1879. Ministro do Império e professor da faculdade de Direito de São Paulo, Carvalho promulgou o Decreto 7247, instituindo a liberdade dos ensinos primário e secundário no município da Corte e a liberdade de Ensino Superior em todo o país. Esta liberdade garantia a todos que se achassem capazes de ensinar, pudessem expor suas ideias e usar o método que quisessem. A lei também deixava à livre escolha dos alunos secundários e de cursos superiores aprender o que quisessem. Isto fez com que as instituições se organizassem por matérias para que os alunos escolhessem as que quisessem. O Decreto determinava, no entanto, rigorosidade nos exames, o que tornou o ensino brasileiro menos um projeto educacional público e mais um sistema de exames, característica que permaneceu durante a República e deixou resquícios até hoje.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Biografia de Jean Piaget

Segundo Goulart (2008), Jean Piaget nasceu em 1896, em Neuchâtel, Suíça, e desde pequeno mostrou interesse pelas ciências. Seu primeiro trabalho científico surgiu quando tinha apenas dez anos, e falava sobre um pardal albino que observara num parque público. Com isto, tornou-se assistente voluntário do diretor do Museu de Ciências Naturais de Neuchâtel. Durante os quatro anos seguintes, publicou cerca de 20 artigos sobre moluscos e animais, mas seu interesse também passava por áreas como filosofia, sociologia e religião.

Em 1915, Piaget licenciou-se, e três anos depois, conclui seu doutorado, com uma tese sobre moluscos de Valois. Estes estudos na área da biologia fizeram Piaget suspeitar de que os mecanismos de equilíbrio fossem responsáveis pelos processos de conhecimento e convenceu-se também que tanto as ações externas quanto os processos de pensamento admitem uma organização lógica.

Goulart afirma que ao deixar Neuchâtel e ir a Zurique, na Alemanha, em 1919, Piaget passa alguns meses estudando psicologia nos laboratórios de G.E. Lipps e Wreschner e na clínica psiquiátrica de Bleuber. Esses estudos o ajudam a confirmar que a psicologia experimental poderia ajudá-lo e sua vocação de epistemólogo. Em seguida, vai à Paris estudar filosofia e começa a trabalhar com a padronização do teste de Burt. Nesta época, Piaget se convence que o caminho para unir filosofia e psicologia estava na experimentação. Nesta época, após a publicação de Arquivos de Psicologia de Genebra, seu editor, Claparède (1873-1940), propõe a Piaget seu ingresso no Instituto Jean-Jacques Rousseau de Genebra, em 1921, como pesquisador. Ali o suíço encontra liberdade para desenvolver seus estudos sobre a criança, iniciando uma série de trabalhos que lhe deram fama mundial.

Segundo Goulart, em 1925, Piaget é nomeado titular de Filosofia na Universidade de Neuchâtel, lecionando até 1929 aulas de psicologia e sociologia também. Em 1929, torna-se o primeiro diretor-assistente na Universidade de Genebra, e durante os próximos dez anos, cumpre funções administrativas sem no entanto deixar a pesquisa de lado. Neste período, o suíço intensifica seus estudos sobre história das matemáticas, da física e da biologia, redigindo seus primeiros trabalhos sobre epistemologia genética. Ainda em 1929, é nomeado diretor do Departamento Internacional de Educação, cargo que lhe oportuniza tentar introduzir suas descobertas sobre o desenvolvimento das crianças nas práticas educativas.

Em 1936, Piaget ganha o título de Doutor Honoris Causa, na Universidade de Harvard, Estados Unidos. Durante a guerra, desenvolve estudos sobre as estruturas lógicas relativas à física elementar. Goulart afirma que de 1936 a 1952, o suíço foi professor de sociologia da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Genebra. Durante este período, torna-se diretor do Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Genebra, substituindo Claparède, editor dos Arquivos de Psicologia e presidente eleito da Sociedade Suíça de Psicologia.

Em 1950, além de diversos livros sobre psicologia e psicologia da criança, sozinho ou com colaboradores, Piaget publica a Introdução à Epistemologia Genética e o Tratado da Lógica.

Seu projeto de elaborar uma epistemologia baseada nas ciências positivas concretizou-se em 1955 quando foi inaugurado o Centro Internacional de Epistemologia Genética, sob os auspícios da Fundação Rockefeller. A partir daí até sua morte, o suíço recebeu no Centro, especialistas em diversas áreas do conhecimento, os quais procediam a estudos epistemológicos, que passaram a integrar a produção científica da instituição.

Jean Piaget morreu em 1980, aos 84 anos.

Referências

GOULART,I. B. Os fundamentos da teoria piagetiana. In Piaget: Experiências básicas para utilização pelo professor. 24ª ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2008, p. 9-13.

PIAGET, J, 1896-1980. A epistemologia genética/Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética; Jean Piaget; traduções de Nathanael C. Caxeiro, Zilda Abujamra Daeir, Celia E.A. Di Piero. 2ª edição. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Os Pensadores