sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Diário de Professor: Estereótipos e preconceitos à vista! - Parte 2

Continuando a reflexão do último post, mais uma coisa me chamou atenção e me motivou a ser ainda melhor, tanto na particular, quanto na pública.

Todos sabemos que para um professor concursado ser exonerado, algo muito grave deve ter feito. Ou seja, trabalha, realmente, quem quer.

E é aí que entra o mérito dos professores de verdade: eles trabalham direito por prazer, e não porque têm medo de serem demitidos, como acontece na particular.

Se a gente der uma "voltinha" pela Internet vai perceber que muitas escolas públicas já vem derrubando estes estereótipos de acomodados e incompetentes. E o melhor: fazem isto porque são livres para fazer!

Afinal, trabalhamos na rede particular obedecendo regras impostas, paparicando pais, e ainda por cima, sendo chamadas de "tias".

Já na escola pública, quem trabalha, trabalha porque é livre. Não dorme pensando que amanhã pode ser mandada embora porque não chamou o filho da fulana de "príncipe".

E algumas escolas já mostram, com orgulho, o resultado do esforço, por meio de blogs. E isto, não é para chamar mais alunos, pois demanda sempre haverá. Mais uma vez: é pela liberdade de poder fazer o que se deve fazer.

Obs: Não tenho o que reclamar da escola. Sei que, se estou lá, devo respeitar todas as regras. E isto é fichinha. Difícil é ter que aguentar gente falando de escola pública. Aí, eu viro o bicho mesmo!

Quer colocar o filho na particular? Vá com Deus!
Quer trabalhar a vida inteira na particular, ganhar pouco e ainda ser chamada de "tia"? Deus te abençoe!!!

Só não venha reproduzir asneiras, que só fazem bem ao sistema, que deseja mesmo que a gente acredite cada vez menos na escola pública, que não é de graça e é direito de todos!

Diário de Professor: Primeiros dias de aula na rede particular - Diferenças e semelhanças com a escola pública

Sabia que alguma hora a conversa "particular e pública" aconteceria. Só não achei que seria tão rápido!

Esta semana iniciei as aulas na escola particular que comentei no último post. E desde semana passada, no planejamento, já havia notado algumas diferenças. Entre elas, ver como algumas professoras reclamam de "barriga cheia", a ponto de falar que ter cinco crianças no jardim (entre 3 e 4 anos), exigiria uma auxiliar quase que integralmente, "pois não dá pra dar conta de cinco, afinal, só existem dois braços para pegar duas crianças no colo).

Aquele dia tentei entender a situação da professora, afinal, a sala só tem alunos novos, muito pequenos e que chegam assustados (pelo ambiente, mas principalmente pelo drama que os pais fazem). Mas não pude deixar de pensar: "Caramba! Ela reclama de ter cinco alunos. Professor da Prefeitura tem de dar conta de 35!!!".

Passou o feriado e a escola voltou em seguida. Os alunos todos uniformizados, cheirosos, quase todos com o material escolar pedido na extensa lista, enfim, o paraíso.

Todos os alunos da minha sala estudavam na escola. Assim, todos já conheciam e foi aquela felicidade voltar às aulas. Percebi que alguns já estão alfabetizados e somente uns dois ou três estão pré-silábicos. Ah! Esqueci de falar: minha sala tem 14 alunos!

Os dois primeiros dias foram interessantes. O ritmo é completamente diferente da Educação Infantil. Lá, eles param, ouvem e ficam quietos, esperando os outros terminarem a lição!

Na Educação Infantil, de quinze em quinze minutos você acaba mudando a atividade, pois o tempo de concentração é muito pequeno. Confesso que achei meus alunos mais sérios do que eu. Isto porque brincadeiras bobas, que dariam certo na EI, como falar com uma voz diferente ou fingir que vai fazer cócegas, tiveram sorrisos muito tímidos. Eles são mini-adultos que não podem mais brincar no parque, nem trazer brinquedos toda sexta-feira.

Neste ponto, também já notei o que significa escola particular: conteúdo. Ali, não importa se o aluno tem 15 ou 5 anos. Todos estão para estudar. Brincar não é a linguagem da criança e o meio pelo qual podemos ensinar. Logo, eles deixam de ser crianças muito cedo. Mesmo entrando mais cedo no Ensino Fundamental, o que nos leva a pensar que a maneira de ensinar deve levar em conta esta característica, "saiu da Educação Infantil, deixou de ser criança". E aí, como ouvi uma professora dizer: eles não tem tempo pra brincar. Tem que passar conteúdo.

Finalmente uma semelhança: nem a escola pública, nem a particular sabem lidar com as crianças de seis anos no Ensino Fundamental.

Mas até aí, estava tudo indo razoavelmente bem, até que...

Leiam o próximo post!

Diário de Professor: Estereótipos e preconceitos à vista!

Eu já sabia que existe uma certa "diferença" entre professores da rede pública e da particular. Diferença no sentido de cada um ter um estereótipo formado do outro. Para explicar melhor, vou relatar o que aconteceu comigo hoje.

Estávamos no intervalo, quando uma professora perguntou-me se minha mãe era professora (pois eu fui indicada por uma professora de lá e que também trabalha na rede pública, com minha mãe). Respondi que sim. Ela comentou sobre minha mãe, meu irmão e eu sermos professores e, como é de costume, soltou um "coitados".

Nisto, uma outra professora também entrou na conversa e disse que quando alguém lhe fala que está fazendo Pedagogia, ela diz um "boa sorte", ironicamente, claro.

Comentei que eu não achava a área ruim, pois já tinha experimentado outras e vi que ela era bem melhor, pelo menos para mim. (Não sei se já comentei aqui, mas o principal motivo da troca é que na educação, só aguento adulto de vez em quando, em reunião de pais. Trabalhar com criança é mil vezes melhor).

E aí que a outra respondeu que havia trabalhado no Estado (de São Paulo) três anos e enfatizou "PARA NUNCA MAIS".

Quando ela falou assim, já desanimei. Achei que poderíamos ter algo em comum, já que eu sou professora da rede pública também. Mas como o que é ruim pode sempre piorar, ela metralhou, junto com a outra, um monte de coisas sobre suas experiências mal sucedidas na rede pública.

Disse que lá não dá pra trabalhar, pois não tem material, os alunos são desinteressados, a estrutura é ruim. E por aí vai.

A outra, pra piorar, ainda disse que saiu da rede pública porque os alunos não tinham roupa e iam fedidos. Disse ainda: "eu saia da sala com aquele cheiro".

Já estava de saco cheio de ouvir, mas elas continuaram. Uma disse que gostava de escola particular porque se tem estrutura para trabalhar, pois professor tem que dar o sangue, coisa que concursado não faz! Peraí!!! EU SOU CONCURSADA!!!

Nossa: e continuaram dizendo que "professor da rede pública só prestava concurso para "amarrar o burro" e não trabalhar". "Que professor de escola pública ganha bem para não fazer nada".

Eu estava calma e não retruquei, mas isto meu deu tanto ânimo pra escrever na madrugada...vamos lá!

Em primeiro lugar, esta conversa não difere em nada do que já ouvimos por aí. E o pior, isto mostra o quanto nossa categoria é desunida. Uns falam reproduzem esteriótipos por aí sem pensar nas consequências.

Tudo bem. Sei que tem muito "professor" que faz isto aí mesmo. Presta um concurso, passa e amarra o burro. Também é verdade que a rede pública, pelo menos em São Paulo, paga melhor que muitas, e muitas escolas particulares. E pasmem: mesmo as particulares consagradas pagam um miséria.

Mas a razão delas para por aí. Primeiro. Elas desistiram de pegar grandes desafios. Afinal, o que é mais difícil: trabalhar com crianças cheirosas, limpinhas, bem cuidadas, com materiais e roupas de marca e, principalmente com o apoio e cobrança dos pais, ou com aquelas que não tem nem o que comer em casa, moram em favelas, andam pra chuchu pra chegar à escola, e ainda são trazidas pelo irmão mais velho, de apenas oito anos?

Quando prestei o concurso, sabia da estabilidade e do "bom" salário. Mas também sabia que poderia encontrar filhos de mães solteiras, que dão pouca atenção ao filho, que por sua vez, vão mau cheirosos à escola. E é isto que motiva: fazer diferença para quem precisa muito da minha ajuda.

Não que os alunos da particular não precisem, mas ali, eu sou apenas mais uma "tia". Para muitos da pública, eu sou a única esperança!

O desabafo não acaba aqui! Aguardem o próximo post!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Diário de Professor: Desafio à vista - Alfabetização

Sabemos que a alfabetização e o letramento ocorrem desde que nascemos, afinal, sempre estamos em contato com o mundo letrado. Por conta disto, sempre estimulei muito a leitura e escrita entre meus alunos da Educação Infantil e alguns, antes de chegar ao pré, já estavam lendo.

Mas é no Ensino Fundamental que a expectativa em torno da alfabetização se torna concreta, afinal, nesta fase, eles já estão maduros para isto.

E hoje aceitei assumir uma sala de segundo ano, antiga primeira série. O que isto lembra? Claro! É o ano da alfabetização. Que desafio!!!

Na minha última postagem no Diário de Professor, havia comentado que na Prefeitura de São Paulo ficarei como módulo, ou seja, eventual.

Como tinha as tardes livres, e sempre tive vontade de trabalhar nesta escola particular aqui perto de casa, aceitei o desafio, mas confesso: estou com medo!

Sim, estou com medo. Afinal, sempre fui professora de Educação Infantil, e agora, serei também de Fundamental. Ou seja, terei que estudar muito mais.

Não que não estude para EI, mas agora terei de estudar outras coisas. Não sei qual é mais difícil. Aliás, as duas áreas são difíceis. Espero compartilhar aqui as diferenças entre EI e EF.

Uma coisa que também achei bem legal é que trabalharei na rede pública e também na particular. Quero muito aprender nas duas, pois sei que as duas têm muito a acrescentar em minha formação, que é eterna, ou como dizem por aí, "continuada".

Vamos lá! Feliz 2011!!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Concursos: Prefeitura de Suzano e HSPM

Oi, gente

Meu lado jornalístico não pode deixar de comentar sobre os concursos para professores, na Prefeitura de Suzano, região metropolitana de São Paulo e para o Hospital do Servidor Público Municipal.

Para a Prefeitura, com inscrições abertas já, é preciso ter Pedagogia, mas para o HSPM, que só lançou o edital por enquanto, o Magistério vale.

Não farei nenhum do dois, mas fica a dica para quem quiser.

Seguem os links com mais informações:

Prefeitura de Suzano

HSPM

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Herman Voorwald planeja gestão com ampla participação da rede e reorganização do ensino

Novo Secretário de Estado da Educação adianta que as principais
decisões da Pasta serão tomadas com o envolvimento de toda a rede;


Proposta de reorganização do Ensino Fundamental e Médio, que será
formatada e apresentada ao governador terá prioridade, assim como o comprometimento e a valorização dos servidores



O novo Secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, recebeu o cargo destacando que a nova gestão será marcada pela priorização de questões como a valorização dos servidores, o comprometimento de todos os envolvidos - e em todas as esferas - com a Educação no Estado e, principalmente, com a implementação de um processo que garanta o aprendizado dos alunos no Ensino Fundamental e Médio. Para isso, o reconhecimento dos professores e servidores administrativos, a implementação de uma nova proposta de avaliação dos alunos e as parcerias serão pontos fundamentais. A experiência adquirida em 30 anos no setor de ensino superior da rede pública e o apoio do Governo Geraldo Alckmin serão pontos de apoio primordiais para que estes planos sejam colocados em prática, segundo avaliou o novo secretário.

“Agradeço pelo voto de confiança do governador Geraldo Alckmin, que apostou em um ex-reitor de universidade para atuar nas esferas do Ensino Fundamental e Médio. Fico orgulhoso por fazer parte de uma gestão que pretende priorizar a Educação na prática, muito além do discurso”, disse Voorwald durante a cerimônia de transmissão de cargo.

Parcerias

Para o novo secretário, o envolvimento das universidades estaduais na melhora da qualidade do ensino é possível e importante, dada a capacidade e potencial de formulação de parcerias entre Unesp, Usp e Unicamp com a Secretaria de Estado da Educação. “A excelência do setor de ensino superior foi conquistada graças à preocupação de formar bem. E esse conceito deve também ser aplicado aos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio”, destacou o Secretário.

Ainda sobre a possibilidade de estabelecer parcerias, um projeto de aproximação com a Prefeitura de São Paulo para a criação de 200 mil vagas em creches por todo o Estado também está na pauta. Em geral, a construção de creches é de responsabilidade dos municípios, mas o Governo do Estado acenou com a intenção de investir cerca de R$ 1 bilhão no setor durante a atual gestão. O Estado será responsável pela estrutura física das creches e as prefeituras pelo fornecimento de mão de obra - funcionários, educadores e professores.

De progressão continuada à reorganização do ensino

A formação dos alunos será prioridade absoluta na nova gestão e, por isso, um sistema de reorganização do ensino já está sendo planejado. Além de permitir uma avaliação individual do aprendizado dos alunos a cada semestre e, a partir dos indicadores obtidos oferecer um modelo de recuperação eficiente quando necessário, o processo permitirá que a aprovação seja baseada no conhecimento adquirido e não em um processo padrão.

“A repetência ou reprovação não solucionam as deficiências do processo de aprendizado, além de serem insuficientes para determinar a capacidade ou não de o aluno aprender. Muitas vezes a falha está no método e não no indivíduo e, por isso, uma avaliação a cada seis meses, por exemplo, pode apontar o que de fato o aluno aprendeu, além de indicar o que precisa ser suprido por meio de uma recuperação imediata”, avaliou Voorwald. Este modelo sinaliza o que pode vir a fazer parte do projeto final, que ainda será formatado, depois apresentado ao governador e discutido com toda a rede para, então, ser implementado em 2012.

Outro ponto alto da nova gestão da SEE é a valorização dos servidores. Para o Secretário, o comprometimento de todos os envolvidos na Educação, em todas as esferas, será primordial para a melhora do ensino como um todo. “Educação não se faz por portaria ou decreto; educação é gente. É ter todas as pessoas envolvidas no processo, realmente comprometidas em formar bem. Por isso, a prioridade da gestão é a valorização dos professores e todos os servidores ligados à Educação. Devemos contemplar todas as áreas da Secretaria para valorizar, sobretudo, o magistério paulista”, finalizou o novo Secretário da Educação.